segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que guardei de você, Papai





Apesar de a morte ser uma certeza que todos temos, é um dos conceitos mais abstratos que existem. É surreal, é imprevisível, é doloroso, é inexplicável e inevitável. Mas quando ela chega – e sempre chega, é impossível não repensar a vida. Quando tudo vai embora e o que nos resta apenas o EU, voltamo-nos para dentro de nós para nos reavaliar, nos reestruturar e nos reinventar.
Fazendo esta auto-analise, sob a morte – fim ultimo como pano de fundo, foi inevitável não olhar para trás;  olhar para a morte do meu pai e imaginar como tudo poderia ter sido diferente e que muito embora não temos controle sobre o fim, podemos dar fins diferentes para este fim.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Podemos tentar



Cuidar.
Sentir-se vivo levando vida na vida.
Cuidar.
Deixar pistas no caminho para que se perceba que há todo um caminho feito pra você.
Cuidar.
Personalizar detalhes para que sinta que aquele cuidado é exclusivo seu.
Cuidar.
Presença que ainda ausente, sempre presente.
Cuidar.
Fazer sentir que nunca precise esperar.

Correr.
Não lhe perder de vista.
Correr.
Não é ‘quem está atrás de mim?’ é ‘estou atrás de você’.
Correr.
Não te deixo ir.

Persistir.
Para não perder não há nada a perder.
Persistir.
Tentar de tudo ainda é pouco.
Persistir.
Não há opção de desistir.

Amar.
Reinventar. Recomeçar. Equilibrar. Respeitar.
Acabar.
Não era pra ser.

pedroovidio

quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Teologia, eu quero uma pra viver!"



"Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino." (1 Cor. 13:11)

Parece que foi ontem que vi um adolescente completamente perdido entrando em casa procurando um jeito de contar pra sua mãe que tinha um chamado (embora ela nem entendesse o que era isso) e que desistiria dos seus sonhos para fazer Teologia. Na cabeça dela, quem faz teologia são provavelmente os mesmos velhos barbudos que fumam cachimbo e fazem filosofia. Na minha, estava me preparando para o meu ministério, sendo um possível Pastor ou Missionário.

E lá fui eu, aquela criatura pitoresca, perdida, desajustada, antissocial, tranquila e inocente, mergulhando em um universo que ia muito além da leitura rasa da bíblia a qual estava acostumado. Embora seja um curso de caráter acadêmico, o peso, é completamente espiritual. A visão não é o mercado de trabalho, mas sim, relevância para o mundo. Saía das aulas não com lições de casa, mas sim lições para a vida.
Cheguei achando que seria O revolucionário, que abraçaria o mundo e faria a diferença (uma presunção um tanto quanto inocente); Me entreguei tanto as possibilidades que acabei me perdendo a tantas invariáveis; Abri tanto a mente que com a mesma facilidade que as ideias entravam, as já estabelecidas saíam; e tentei buscar na filosofia, sociologia e antropologia uma forma mais alternativa de compreender o mundo e acabei me esquecendo de que o princípio de tudo são as escrituras. As ciências, vem depois e sob respaldo desta. Estes, dentre outros foram erros e desvios acadêmicos, mas que em determinada hora foram se encaixando, se tornando coesos e começaram a fazer sentido.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Namorar pra quê?




Tenho recebido milhares de cartas, telegramas e e-mails do Brasil inteiro, de fiéis leitores questionado o porquê de não escrever nem falar mais sobre o amor (mentira, na verdade foram 8 no máximo). Na verdade, parei de falar sobre amor simplesmente porque não tinha mais nada a dizer sobre isso. Todo mundo fala de amor o tempo todo, e toda a contribuição inexpressiva e inexperiente que eu tinha a dizer sobre o tema se esgotaram ou perderam o sentido. Só decidi retoma-lo porque faltou uma coisa essencial que não havia aprendido nos meus melancólicos dias de Pierrot.

Ah, o namoro... quem não quer ter aquela pessoa com quem você possa compartilhar sua vida; receber SMS de bom dia; ter uma música que a lembre; ter alguém que te faça sentir o cara mais bobo, porem mais incrível do mundo; aquela pessoa que faz com que tudo faça sentido, e ao mesmo tempo nada. Quem nunca? (Se você não procura nada disso, por gentileza, vá até o canto superior direito da tela e clica no X)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Rio por onde a vida passa




“Ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio.” (Sl. 90:12) 
O tempo para alguns apenas passa, para outros, ensina, para outros cura e para outros acabam. Hoje completo 21 anos, e em todos os meus aniversários eu sempre costumo refletir muito sobre a vida; sobre o tempo. Muitos foram somente mais um aniversário; mais um ano de vida. Não este. Não a data em si, mas pelo que este ano tem significado pra mim: O encerramento de um longo ciclo e início de um novo tempo. 

Guimarães Rosa, em Grande sertão: Veredas (Estou até hoje o citando porque ainda não acabei de ler, leitura muito difícil. Risos) fala muito sobre rios; águas. É um paralelo sobre a vida interessante. Em uma frase ele diz: “A gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou...” Nesse processo de crescimento e maturidade, vejo a vida passando como um rio. Dei saltos, me afoguei, senti a mão de Deus me trazendo à superfície para buscar fôlego, me afoguei de novo, mas nunca parei de nadar. Fora a angustia de saber o que se encontrará na outra margem do rio. G. Rosa ainda diz que “... o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.” 
Sabem o que reparei nessa exaustiva travessia? A bagagem. Bagagem que carregamos e o quanto o seu peso pode nos levar para baixo e nos afogar. Abri essa mala e vi quanta coisa tinha dentro. Vi todas as marcas da infância que permaneciam incicatrizáveis, vi os traumas não superados, vi pessoas que nunca pude dizer adeus guardadas em porta-retratos, vi todas as palavras que ficaram por dizer e acabaram engasgadas, vi quanto lixo estava varrido para debaixo de um tapete que não comportava mais tanta sujeira. Tive que fazer uma escolha: Ou abria mão dessa bagagem ou afundava com ela. (Parece óbvio em um texto, mas é complexo) 

Eu não sei porquê as pessoas guardam esse tipo de lixo emocional, como se isso pudesse de alguma forma mudar o passado, ou trazer de volta o que o tempo levou. Sei que tudo isso é muito clichê, mas o óbvio é muitas vezes o mais difícil de compreender e aceitar. Como por exemplo, o fato de que lixo orgânico não se recicla, pois ele é tóxico, apodrece e cria fungos. E é por isso que eu precisei abrir mão desse lixo; dessa bagagem emocional. Doeu, chorei, pois embora pesado, já havia me acostumado com aquele fardo; aquela bagagem que servia como um analgésico para fugir da realidade. (masoquismo isso? Talvez.) Eliminar um lixo emocional, não é apagar sua história, é apenas uma forma de se esvaziar de um peso desnecessário (é como uma higienização interior). 

Se eu tivesse a oportunidade de voltar ao passado e mudar tudo; mudar escolhas que nem foram minhas, mas que trouxeram consequências e marcas pra minha vida e mudar as escolhas erradas que fiz, a vida que eu teria hoje não seria minha. Se a vida que tivéssemos fosse a vida que queríamos ter, não seria nossa; não teria a autenticidade daquilo que somos; Excluiria toda a nossa individualidade. 

Ainda sobre o prisma do rio, Heráclito de Éfeso disse que “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. “  É exatamente isso. As águas do rio correm. As que você pulou, nadou, se afogou hoje, não as mesmas de ontem nem de amanhã. O que ficou pra trás, não há como mudar, pois nós já mudamos e as coisas já mudaram. Só consegui entender isso quando me permiti a deixar que as águas levassem aquele fardo para fundo do rio e continuar nadando, agora com os dois braços, mais leve, com mais vigor e mais fôlego. E sem menos esperar (não esperava mesmo) eis que vejo a outra margem do rio. Cheguei sem nada, pronto pra viver um novo tempo. Me dispus a viver coisas novas, sentir coisas que meu coração já não se permitia ha muito tempo e descobrir o que há de novo. Isso é a vida: Essa metamorfose; transição; travessias e recomeços. Sou grato a Deus por esses 21 anos e porque nEle está minha esperança, força para nunca desistir de tentar e por me fazer visualizar novas possibilidades. Até aqui nos Ajudou o Senhor. Cheguei a outra margem do rio, sem saber o que vou encontrar, mas com a sensação de já ter me encontrado. Mergulhei no rio menino e saí dele um homem que ao invés de usar o passado para se justificar, o usou para se fortalecer. E é a minha história que me fez ser o que sou hoje. O que vem pela frente é sempre incerto, mas uma coisa eu sei: Há novos sonhos do lado cá.

“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.” - Guimarães Rosa

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Por que mesmo eu saí da caverna?





Que deslumbrante é a vida aqui fora. Olhos pesados acostumados com a penumbra da caverna, mal conseguem ficar aberto diante de tanta luz. Luz que clareia não só os olhos, mas também a mente e o corpo. Luz que aquece tanto o corpo que o calor, converte-se em sede de viver tudo. 


Perfeitamente coeso, o convite de Platão para sair da caverna, se dirige àqueles que querem ver mais do que sombras; querem observar; contemplar; perceber; elaborar; reelaborar; construir; desconstruir e, sobretudo, conhecer. Essa é a promessa para aqueles que buscam se tornarem seres pensantes, formadores de opinião e esclarecidos. É perturbador e provocante. 

Eu fui. Dei um salto. Um salto não, um duplo mortal carpado e mergulhei no desconhecido; no mundo das ideias. Como eu disse, é provocante, excitante, encantador e perturbador. Com tantas questões na minha cabeça, hoje me ocorreu a seguinte pergunta: Por que mesmo eu saí da caverna? De fato, a caverna é limitada, mas é segura. Lá, a visão que eu tinha de Deus, do mundo e minha eram extremamente pequena, fechada e os conceitos estavam devidamente organizados. Mas a vida que eu tinha, embora hoje pareça pequena, me bastava; me preenchia, eu estava em paz e me sentia seguro e protegido. 

Hoje leio “em paz me deito e logo pego no sono” e penso: Ah, como eu queria. Tem um tirano implacável na minha mente que não dá trégua, não descansa, se alimenta de respostas e resoluções. Um tirano tão tirano que se pudesse eliminava o filtro do subconsciente com o ego. Me abri tanto pro mundo das possibilidades que hoje só encontro incertezas. O problema de abrir a mente, é que ao mesmo tempo em que novas idéias podem entrar, as já estabelecidas podem sair. É como se nada fosse fixo, tudo é flutuante e despendido. 

O meu semblante naturalmente expressa ‘Estou perdido’. Mas embora a saudosa caverna aparente ser mais segura, é impossível voltar. Não me cabe mais; não me preenche. Aliás, está difícil achar um lugar aqui nesse mundo onde eu realmente me encontre. Vou continuar caminhando, viajando... é em toda essa viajem percorrida que se encontra obra-prima pra se construir esse lugar que é meu. Estou lendo Grande sertão: Veredas (tá, eu não estou lendo Guimarães Rosa para me auto afirmar como intelecto até porque não sou) e gostei de uma frase que diz assim: “Viver — não é? — é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.” Sábias palavras. E é isso mesmo. A busca por descobrir o que é a vida, todas essa angustia de se perder e se encontrar, já é a própria vida. É ela que se desenha a partir da busca dela mesma. Por isso, ainda assim, acredito que a vida nunca esteve tão interessante. 

*Atenção telespector, não repita isto em casa. Só saia da caverna, se tiver peito pra bancar sua escolha, afinal, viver é muito perigoso.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Retrospectiva 2O11

p.s. como foi um ano meio chato e longo, o post ficou meio longo também, mas por causa das fotos. se não tiver preguiça, leia, se tiver preguiça, veja só as figurinhas mesmo.


Mais um ciclo que se encerra e um novo começa nessa brincadeira que a gente chama de vida. Só posso dizer que este ano foi bom, se usar 2009 como parâmetro. Se 2011 pudesse me dizer alguma coisa, ele gritaria na minha cara assim: VOCÊ CRESCEU! Porque o que eu tomei de lavada esse ano pra me ensinar a aceitar e encarar essa vida de adulto e todas as suas responsabilidades não foi fácil não. 

Mas tá, vamo lá! Bóra pros destaques do ano que montaram o mosaico desse lindo, cansativo e duro ano de 2011:
Bom, no início não teve nada dimais não né? afinal, janeiro é a segunda-feira do ano. A gente só quer dormir, ficar debaixo do edredon, ver filmes e coçar, etc, etc.