segunda-feira, 16 de maio de 2011

A vida em 1 minuto





O cheiro inesquecível da mamadeira, o estojão do Michey, o dia em que parei de chupar bico, a perda dos dentes de leite, as coleções de discos do Sandy & Junior, cartões telefônicos e Tazzo, a façanha de conseguir pedalar sem as rodinhas, a eleição do Rei do Amendoim, o sequestro, as brigas dos pais, as empregadas que batiam e roubavam, o catequismo, as receitas da vovó, a primeira namoradinha, o medo do mundo acabar em 2000...


Os amigos de infância, a primeira média perdida, o bullying que sofria na época em que zoação não era crime, a ansiedade pra 5ª série chegar e poder usar canetas e fichário, o nascimento da nossa princesa Isabela, a mochila Sansonite que nunca envelhecia, o dia em que excursão passou a se chamar visita técnica, o curso de design, a pressão do vestibular, as formaturas...


Um medo que nunca tive foi da morte. Da minha morte. Morrer hoje ou daqui a 40 anos sinceramente nunca fez diferença. Tenho tanta preguiça as vezes da vida que nem sinto os anos passarem e nem vejo que o mundo está girando. As coisas passam, começam, terminam mas eu não sinto nada em minha vida mudar. É como se os dias passassem mas eu não os vivesse.

Que eu sou dramático não é novidade, mas acreditem ou não, por alguns minutos esse conceito de morte não me pareceu tão indiferente. Durante o breve momento de agonia e dor em que sentia meu coração quase sair do corpo e enchendo todo meu peito pra buscar ar como se fosse o último, juro que me veio na cabeça a seguinte pergunta: Então é isso? Fim da linha? Tive muito medo. Aquele medo que teoricamente não era tão assustador. A única coisa que consegui falar pra Deus foi "por favor, ainda não".

Se eu estivesse em um filme, só faria sentido eu morrer em duas situações: A primeira dela seria se eu morresse por uma causa nobre ou em favor do cumprimento de uma missão. A segunda, é se eu fosse um ator coadjuvante. Mas não me encontro em nenhuma delas. Primeiro porque não sou coadjuvante, sou indispensável para o desenrolar da trama. EU FUI ESCOLHIDO GENTE, desculpa aí tá? Não é nada pessoal, é que Deus me escolheu, me separou como colaborador de uma grande missão: Ser usado para a transformação de vidas. Por isso sou um ator importante.

O medo não era da morte em si, e sim morrer sem ver minha missão cumprida. Eu ainda quero que muitas pessoas conheçam o amor de Jesus de uma forma bem criativa e inovadora. Eu ainda quero ver minha família entregando suas vidas a Jesus. Eu ainda quero encontrar um jeito de mostrar a todos aqueles que vivem à margem da sociedade que existe um Deus que os ama. E de que quebra, se der tempo, quero poder experimentar o prazer de ter um filho e poder cuidar, ensinar, corrigir, educar, brincar e ama-lo.
Agora que passou e estou bem, parece muito drama toda essa conversa sobre morte né? Mas isso é o que se sente quando você está entre o começo e o fim. O nome disso é angústia. E foi nessa angústia que vi uma oportunidade dada a mim, pra que no meio dessa correria de trabalho, estudos, ministérios e etc eu pudesse parar. Foi como uma freada que a vida me deu pra eu ver que o mundo não pára pra que eu o perceba. Eu que fui parado pra que visse que o mundo continua girando e que se eu não o estava notando é porque não tenho sido tão relevante quanto deveria.

No fundo foi bom esse freio pra eu ter esse tempo pra mim. Um tempo de cuidado comigo mesmo, tempo de reflexão e meditação. Um tempo de prestar mais atenção naqueles que me amam e estão sempre comigo.
Parando pra pensar agora e olhando pra dentro dentro de mim, quantas coisas se passaram. Coisas que marcaram, coisas que eu nem percebi, coisas que já havia até me esquecido. Mas uma coisa é fato: O menino que não queria crescer e que se alimentava de nostalgia, cresceu. Cresceu e se fortaleceu com as provações e experiências difíceis, mas superadas.
O povo não diz que o que não me mata me fortalece? E a bíblia não diz que TUDO posso naquele que me fortalece? Então. Hora de encarar as responsabilidades e deveres que tenho a cumprir e começar a correr atrás e fazer as coisas acontecerem na minha vida. Primeiro eu dependo de Deus, depois só depende de mim. Sei que ainda está muito lonje de conseguir isso, mas até hoje nunca me senti tão perto de me tornar o homem que Deus tinha em mente enquanto moldava e criava o homem de barro, Adão. É muita pretenção isso? Magina.