Medalha de Prata

Eu nunca fui muito esportivo, portanto nunca fui daqueles meninos que colecionam troféus e medalhas. Tenho apenas três medalhas: uma de ouro que ganhei nas olimpíadas no xadrez, uma de prata das olimpíadas na corrida e outra de prata que ganhei no campeonato de TaeKwonDo. Mas enfim, o texto não é sobre esporte nem sobre medalhas...


Eu tenho muitos defeitos, mas uma qualidade marcante em mim é a lealdade. Quando eu amo, eu amo de verdade. Quando quero, mostro à pessoa o topo do mundo. Eu sei fazer as pessoas se sentirem únicas, pois gosto de cuidar, de fazer um agrado, de ser cordial, gentil, ser atencioso, de ouvir, de aconselhar, dar presentes... Eu gosto de fazer as pessoas se sentirem especiais, amadas e cuidadas (quando quero, também sei ser um iceberg). Falo isto pois sou assim com as pessoas que gosto de modo geral, esse texto não é uma “indireta” pra alguém em específico.


Mas sabem o que percebi? Que eu estou sempre correndo atrás dos outros. Corro, corro, corro, mas quando olho pra trás, quem está correndo atrás de mim? Enquanto estou pensando nos outros, quem está pensando em mim? Quando estou preocupado com os problemas dos outros, quem está preocupado com os meus? (Mãe é carta branca).


A questão é: Quão bom é estar em segundo lugar? Quão bom é levar uma medalha de prata? Já me entristeci muito por sempre estar em segundo plano. Não estou bancando o coitadinho, nem estou dizendo que ninguém me ama, sei que muitos me amam e muito. Mas sempre venho depois do namorado (a) do fulano, ou depois do melhor amigo (a) da ciclana... Por mais importante que eu seja, estou sempre no segundo lugar. A culpa não é dos outros, todos tem suas vidas, mas também as vezes é inevitável não se sentir o bônus; o avulso; o chaveirinho. Por mais que você faça parte de um grupo, e por mais que você esteja ligado a ele, por mais amigos que eu tenha, eu estou sozinho. Por mais que eu me importe e os ame, não tenho ninguém pra me ligar de madrugada, não tenho ninguém pra me abraçar quando estou no Topo do Mundo sem um suéter morrendo de frio, não tenho ninguém pra pensar nos dias de chuva... Não tenho ninguém.


Áh, como queria como uma medalha de ouro, mas não num jogo de estratégia. Ouro por ser o primeiro, por estar no topo, por ser uma prioridade. Queria ouvir alguém dizer: Não! Hoje isso é para o Pedro; hoje farei para o Pedro; hoje o dia é DO Pedro.


Mas sabem de uma coisa? Não posso esperar isso dos amigos. Não estou me queixando deles, mas também não posso querer que eles desempenhem em minha vida um papel que não é deles. Eles não podem cumprir um dever que não é deles. Não posso pedir que eles supram em mim uma carência que não vem por parte deles.


Alguém disse: “Porque eu sei que é amor, Eu não peço nada em troca. Porque eu sei que é amor, Eu não peço nenhuma prova.” E faz sentido. Eu amo, e sei que amo, e amo de verdade. E por mais que eu sinta falta, por mais que sinta carência, eu apenas os amo sem pedir nada em troca. Nem medalhas de ouro, nem de prata.


Me ocorreu agora, que talvez o segundo lugar não seja tão ruim. Muitos nem medalhas têm e eu estou aqui me queixando. Não importa em qual lugar; a hierarquia que desempenho na vida de uma pessoa. O importante é estar lá. Pode ser que algumas pessoas só nos procurem quando brigam com o outro alguém, ou quando estão na pior. Mas elas procuram. E procuram porque contam comigo, porque precisam de mim e porque sabem que naqueles momentos eu ofereço cuidados, paz e descanso que elas precisam. Por isso, se você um dia estiver seguindo alguém, correndo atrás de alguém, não olhe para trás pra ver quem está atrás de você. Se você está segurando nas mão de alguém, não olhe quem está segurando na sua, apenas aperte mais ainda a mão do outro. Servir ao outro é mais que uma tarefa difícil, é um dom. Um dom que os poucos que têm, o executam com excelência.


Você está se sentindo sozinho hoje? Está triste? Não? E pra quantas pessoas você mandou um torpedo dizendo: Eu amo você. Esqueça ao menos por um minuto se não tem ninguém aí do seu lado pra te fazer rir. Levem os outros a rirem com você. Acredite, faz bem.